sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Helicóptero Latrônico: lembranças de um sonho quase voador

por Marcele Antonio

Os anos de 1980 e 1981 tiveram uma importância peculiar para Seo Darci Latrônico. E dos detalhes desses anos, seo Darci se lembra muito bem. Ainda mais quando se reencontrou com duas fotos da época. Fotos com lembranças suficientes pra que ele entrasse em um intenso processo de nostalgia, recordando aquele tempo em que fez sua maior engenharia: um helicóptero. “Eu gostava muito de filme de aviões, helicópteros. E resolvi fazer o meu. A intenção era usar pra passar veneno na lavoura”, conta seo Darci.
Estrutura, motor, câmbio, pás de hélice. Na época, aos 33 anos, ele providenciou todos os materiais e calculou cada pedacinho do helicóptero com a inteligência de um engenheiro. Na entrevista, seo Darci chegou a citar fórmulas físicas, explicar sobre força centrípeta, centrífuga... Coisa de gente curiosa, ousada e com muita experiência em mecânica.
 O helicóptero levou seis meses para ficar pronto, com tudo o que precisava, mas com muito peso pra voar. “Não chegou a voar porque ficou muito pesado, tivemos o cuidado de colocar em uma balança: 315 quilos”. Isso porque a estrutura foi feita com ferro e as pás de hélice em madeira. “Mas chegou a pegar frente e começou a flutuar”. Depois disso, seo Darci pensou em refazer as hélices usando alumínio. “Mas logo em seguida já vieram os chamados ultra-leves, então desisti do meu helicóptero”.
Seo Darci ainda fazia testes em 1982, mesmo ano em que as duas fotos foram tiradas. As imagens já mostram que a engenhoca ficou famosa: muita gente ficava curiosa e até hoje se pergunta se esse helicóptero realmente existiu. As pessoas que estão nas fotos podem comprovar que existiu sim, e ao menos, saiu do lugar. Pelas recordações de seo Darci, foi possível identificar três dos cinco garotos: Celso Lino, Ricardo Latrônico e Paulo Cardoso. As fotos foram tiradas no sítio da família Latrônico, em Terra Roxa, e hoje são os únicos registros da existência do helicóptero, fora as pás de hélice, que continuam intactas, guardadas no sítio. “O motor eu coloquei na minha brasília”, acrescenta.
Hoje, aos 64 anos, seo Darci conta que deu umas voltas com um helicóptero moderno, sobrevoando a cidade. Segundo ele, foi bom, mas não é a mesma coisa. Não tem o mesmo gosto de voar em algo projetado por ele. “Se me trouxessem todos os materiais certos hoje, não sei se eu faria, não tenho mais a mesma vontade”, desabafa. Mas logo foi desmentido pela esposa, dona Isabel Latrônico, que acompanhou toda a entrevista. “Ah, você faria sim, do jeito que é curioso”, disse dona Isabel, num tom quase de ordem. Uma verdade incontestável: o combustível do senhor Darci Latrônico é mesmo a curiosidade, que um dia o levou a ter um sonho quase voador. Segundo ele, sonho que “não voou, mas levantou poeira, fez medo e barulho, como num helicóptero de verdade”.




6 comentários:

  1. E vô... é serio ele é o meu vô

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  2. Esse tio não tem só essa história de engenhocas não !!! Daria um livro todas elas .

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  3. É isso ai tio Darci vamos la se anime e faça outro

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Parabéns Sr. Darci..que sirva de inspiração para os jovens..Abs

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